Heróis são os que apagam o incêndio ou seriam também aqueles que trabalham nos bastidores e obtém êxito em evitá-lo? A prevenção pode ser um trabalho inglório e até injusto na maior parte do tempo, mas no final do dia é o que define um profissional de Segurança de sucesso.
A prevenção de acidentes é um dos pilares da Excelência Operacional em qualquer organização. No entanto, os profissionais responsáveis por desenvolver e implementar programas de prevenção enfrentam desafios psicológicos e sociais significativos em sua jornada para construir uma cultura de segurança e para elevar o nível de consciência e comprometimento das pessoas.
Invariavelmente, a eficácia da prevenção transforma o profissional de Segurança numa figura impopular.
Quando os programas de prevenção são bem-sucedidos e os acidentes não acontecem, não faltam comentários sobre os procedimentos e precauções serem desnecessários ou exagerados. Ironicamente, o profissional de Segurança de sucesso se torna o “chato” da equipe, pois está constantemente alertando sobre riscos que nunca se concretizam, graças às estratégias implementadas.
Faz parte da natureza humana “ver para crer”. Esta é uma das razões pelas quais as pessoas tendem a não se preocupar com a própria segurança, não desenvolvem uma adequada percepção dos riscos e não adotam um modelo mental de prevenção. Tal comportamento leva ao desprezo ou desrespeito à normas e procedimentos, terreno fértil para a ocorrência de acidentes.
Quando ocorre um acidente
Apesar de todos os esforços, acidentes acontecem. Assim, o impacto, a gravidade e as consequências são determinadas pela efetividade das medidas de prevenção implementadas e pelo comportamento dos envolvidos.
Invariavelmente a causa-raiz de um acidente está ligada a falhas humanas relacionadas à complexidade das operações e aos muitos dos elementos que podem contribuir para um acidente. Mesmo assim parte do ônus frequentemente recai sobe o profissional de Segurança. Afinal, “transferir responsabilidades” é tão comum quanto “ver para crer” quando se trata de natureza humana.
Portanto, quando ocorre um acidente, a primeira abordagem dos envolvidos costuma ser a de se isentar de responsabilidades transferindo-as para terceiros, ao invés de agir com isenção e honestidade intelectual.
Por isso, num ambiente de excelência, é fundamental determinar a causa-raiz do acidente por meio de um mapa de causas. Neste caso, é imprescindível contar com uma equipe treinada nesta importante ferramenta.
O desafio da prevenção
Eis o grande desafio dos profissionais de Segurança: a prevenção tem uma natureza invisível, enquanto um acidente tem uma resposta imediata, visível, mensurável e impactante.
A prevenção age nos bastidores, tornando os resultados difíceis de quantificar e de reconhecer. Quando tudo está funcionando perfeitamente, há uma tendência de subestimar o valor do trabalho preventivo, situação na qual as pessoas podem se sentir controladas e resistir aos procedimentos de Segurança, considerando que estes tornam o trabalho mais complexo.
Portanto, o desafio não é apenas evitar acidentes, mas criar uma Cultura de Segurança.
Cultura de Segurança
Como tudo em Excelência Operacional, construir e implementar uma Cultura de Segurança é uma jornada. E quando se trata de Segurança, é preciso estabelecer princípios e expectativas claras para as pessoas.
Se quiser saber mais sobre como implementar uma Cultura de Segurança em sua organização, explico isso em detalhes no meu livro Excelência Operacional – Gestão Centrada no Operador.
Você estará no caminho certo na construção da Cultura de Segurança quando perceber que, além de zelar pela própria integridade, as pessoas passam a zelar também pela integridade dos colegas.
Texto de Cleber Campos
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